Há cerca de três semanas, antes do desfile cruise 2018 da Valentino, em Nova York, o slogan “Pink is punk” do show já estava causando o maior rebuliço no Instagram da grife. Nas passarelas da maison, a cor claramente foi a protagonista, sublinhando o movimento que a moda vive no momento: a onda rosa.
Pierpaolo Piccioli, o estilista da Valentino, vem introduzindo de forma atenta a tonalidade em suas coleções desde que passou a assinar sozinho as criações da etiqueta, na temporada de verão 2017, mas não foi o único. Na mesma estação, marcas como Chloé, Balenciaga, Hermès e Givenchy foram algumas que também destacaram o rosa.
Rosa Millenial no desfile da Hermés (Foto: IMax Tree)
Rosa Millenial no desfile da Gucci (Foto: IMax Tree)
Nas últimas estações, o rosa começou a evoluir para tonalidades mais pálidas. Neste mundo cor-de-rosa, os millennials têm papel determinante, chegando a batizar um tom: o millennial pink, adotado pelas modelos Gigi Hadid e Winnie Harlow e pelos cantores Harry Styles e Rihanna, todos da geração Y. Ele é semelhante ao Rose Quartz, eleito pela Pantone como a cor de 2016. Apesar de não ser a tonalidade escolhida para este ano, este rosa tem aparecido cada vez mais. É só dar uma espiada nas redes sociais para ter a confirmação: roupas, objetos de decoração, cabelos, maquiagem, comidas… tudo em tom quase pastel. A coloração lembra milk-shake, é completamente nostálgica. Como se fosse um recado: “quero ser jovem para sempre”.
Thassia Naves de rosa millenial na semana de moda de Paris (Foto: Reprodução / Instagram)
E diferente do rosa-choque e dos tons mais “cheguei”, o rosa millennial vem com status genderless, tudo a ver com essa geração, sem ser associado diretamente ao feminino. De acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pelo WGSN, um dos principais bureaus de tendência do mundo, o número de peças masculinas em tons de rosa cresceu cerca de 40% nas fast fashion internacionais – e o Brasil acompanha esse movimento.
A pegada neutra vem a calhar, inclusive, em tempos de fluidez na sexualidade, luta por igualdade de gênero e outras bandeiras de diversidade. Como as marcas têm se apropriado desses discursos, nada mais natural que esta invasão do rosa millennial.
Rosa Millenial no streetstyle de Milão (Foto: IMax Tree)
Saisangeeth Daswani, head of advisory, fashion & beauty da Stylus, agência de inovação e tendências inglesa que acaba de desembarcar no Brasil, observou também que o uso da cor é uma demonstração de “ousadia diante do novo perfil de consumidor”.
— As marcas estão experimentando fazer coisas diferentes e querem passar uma certa “rebeldia”. O vermelho, por exemplo, é uma cor mais “madura”, séria. O rosa vem na contramão, atraindo um cliente jovem. Pode simbolizar uma tentativa das grifes de conversar cada vez mais com esse público — explica Saisangeeth.
Ele também acredita que o feminismo tenha relação direta com o que está acontecendo nas passarelas e na vida real.
— É um debate que vem ganhando mais espaço na sociedade, e as etiquetas precisam mostrar como se sentem em relação ao tema. O rosa, sem dúvida, tem a ver com isso. Porém, com a fluidez dos gêneros, nós não estamos mais falando da cor sendo usada somente por mulheres. Por isso, a ligação com o feminismo: não há barreiras e o rosa também é uma opção para os homens — diz Saisangeeth.
INVASÃO NO MERCADO CERVEJEIRO
E essa invasão rosa também já chegou com força no mercado cervejeiro. A cor está presente tanto no líquido quanto nos rótulos. Um exemplo clássico desse movimento é a Pink Lemonade, uma colaborativa entre a 2cabeças e a Dádiva. É uma cerveja que se destaca nas prateleiras e na taça. A lata é supercolorida e conta com uma ilustração retrô, feita pela agência especializada em cervejas artesanais ICB Design. Em uma entrevista exclusiva para o Malte & Esmalte, Alexandre Nani, fundador da ICB Design, explicou o conceito por trás da cerveja. Clique aqui para conferir a entrevista.
A Pink Lemonade é uma Berliner Weisse bem mais ácida do que o comum e o corpo rosa aveludado difere do branco original do estilo alemão. A cerveja é feita com framboesa, amora e limão. É altamente refrescante e leve, com apenas 4,4% de álcool. Ela fica azeda por conta da utilização de lactobacilos na brassagem, acidificando o mosto.
Mas não é só no Brasil que o rosa está em alta. A japonesa Abashiri Brewery se especializou em produzir cervejas bem coloridas, em tons vibrantes de azul, violeta, amarelo, laranja, verde e, claro, rosa. A cerveja rosa é feita com cerejas cultivadas nas regiões mais setentrionais (ao Norte) do Japão, onde são expostas a geadas ásperas. Isso dá às cerejas uma doçura suave, o que resulta em uma bebida fresca e frutada.
Outra cerveja que sempre faz bonito, no paladar e no visual, é a belga Hoegaarden Rosée. Trata-se de uma clássica Witbier com toques de framboesa. Sua coloração rosada é turva e acompanha um creme branco denso e com boa permanência, podendo ser a escolha ideal para momentos descontraídos com uma pessoa especial.
Seu aroma suave apresenta notas de frutas vermelhas e o sabor acompanha sua beleza, sendo doce e frutado. Uma cerveja ideal para harmonização com saladas, frutos do mar, sushi e sopas.
Fontes: Caderno Ela e Glamour Brasil
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