Unha da semana: Amarelindo como o verão com cerveja Irada
Que atire a primeira pedra quem não acha que Amarelindo! Compartilhar24TwittarPin
A Japas Cervejaria completou dois anos em junho passado. São mais de 700 dias pensando em sabor, aroma, logística, ingredientes diferentes, novas fórmulas e eventos para apresentar ao público ótimas receitas com uma pitada oriental. Coisa de gente grande. E por trás do bem-sucedido negócio – conquistado com muito planejamento e disciplina, característica que provavelmente remete à descendência japonesa das cervejeiras – estão quatro grandes mulheres.
Fernanda, Yumi, Maíra e Carol são amigas que se conheceram em eventos e cursos de cerveja. Além da descendência japonesa em comum, elas têm muita afinidade e conseguem tocar a cervejaria mesmo morando em cidades diferentes. E, segundo as meninas, isso tem até um lado positivo.
Saiba mais sobre essa empreitada etílica na entrevista exclusiva concedida pelas japas ao Malte & Esmalte.
Malte & Esmalte – A Japas Cervejaria acabou de completar dois anos de fundação. Uma
conquista e tanto! Como vocês comemoraram a data?
Japas – Comemoramos lançando nossa primeira cerveja em garrafa: a Matsurika, uma Bohemian Pilsener com adição de pétalas de jasmim, 5% de teor alcoólico e 27 IBU. O jasmim deu um toque especial na receita e o aroma floral remete ao chá de jasmim. Também queríamos um leve amargor, mas que equilibrasse com a leveza e o frescor que uma pilsen deve ter.
Malte & Esmalte- Como vocês se conheceram? Como surgiu a ideia de montar uma cervejaria?
Japas – Nos conhecemos em eventos cervejeiros e em cursos na área. A Fernanda fez o curso de Sommelière de Cervejas com a Yumi em 2012, mas também já conhecia a Carol de vista por causa de eventos cervejeiros e acabaram ficando mais próximas quando fizeram o curso de Tecnologia e prática Cervejeira no Senai, além de fazer parte da mesma confraria de Cervejas, a Confraria Sophia. A Maíra conhecemos também em eventos cervejeiros e através da Invicta, já que a 2cabeças produz lá.
A ideia de montar a cervejaria começou como uma brincadeira, quando resolvemos juntar as japas que trabalhavam com cervejas e fazer uma cerveja. Fizemos inicialmente na panelinha de 40 litros e testamos uns quatro ingredientes japoneses para uma American Pale Ale. Foi aí que nasceu a Wasabiru, que logo em seguida fomos convidadas para um lote maior na Cervejaria Nacional em São Paulo. Depois disso, a vontade de realmente montar uma cervejaria foi crescendo naturalmente no grupo, então decidimos criar novas receitas e investir nesse sonho.
Malte & Esmalte – Com a burocracia e impostos, produzir e comercializar cerveja no
Brasil não é tarefa fácil. Quais foram os maiores obstáculos que tiveram que enfrentar para iniciar a cervejaria?
Japas – A burocracia é sempre complicada, mas quando se faz tudo com calma e planejamento acaba dando tudo certo. A questão dos impostos é sempre mais espinhosa, e uma reforma tributária no nosso setor se faz necessária urgentemente! Talvez sejamos um pouco loucas de abrir uma cervejaria em meio a uma crise, mas nosso plano de negócios é sólido e temos metas no longo prazo. Vai dar tudo certo 🙂
Malte & Esmalte – Muita gente pensa que vida de cervejeiro é um sonho, que vive de
degustar cerveja, o que sabemos que não é verdade… Falem um pouco do
dia a dia de um cervejeiro profissional.
Japas – O dia a dia da profissão não tem nada de glamour! Como diz o João Becker, nosso amigo cervejeiro, “Cerveja é o que a gente faz quando a gente não está limpando nada”. E essa é a mais pura verdade, temos que manter toda a cervejaria limpa, peças, equipamentos, fazer CIP, moer malte, tirar bagaço, filtrar, saber pelo menos o básico de manutenção, entre muitas outras atividades, sempre com segurança. É um trabalho bem pesado e o cuidado com a qualidade tem que ser prioridade sempre.
Organizar eventos, fazer material também é uma parte que exige dedicação e atenção. A degustação também está na rotina, a Fernanda, por exemplo, faz todos os dias às 10h. Fora isso, temos a parte dos eventos e concursos que participamos que é mais divertida, trabalhar
nos stands servindo a cerveja e ter um retorno direto do público é muito gratificante. O mais legal de tudo é a criação de novas receitas.
Malte & Esmalte – Como dividem as funções para dar conta da empresa? O fato de morarem em cidades diferentes atrapalha?
Japas – Conseguimos nos entender e dividir tarefas mesmo morando em cidades diferentes. Conversamos bastante por email/whatsapp e fazemos reuniões por Skype. Morar em cidades diferentes só nos ajuda na estratégia de cada uma morar em um ponto diferente de venda, mais contatos, mais eventos e mais gente conhecendo nosso produto.
Malte & Esmalte – Qual é o volume de produção da Japas?
Japas – Acabamos de produzir nossa segunda cerveja em garrafa (Wasabiru, American Pale Ale com wasabi) que será lançada agora em agosto. Agora de início estamos produzindo 3 mil litros/mês, mas, com as novas receitas que vamos lançar, esse volume vai aumentar.
Malte & Esmalte – Qual é o principal diferencial da cervejaria?
Japas – O principal diferencial é o nosso conceito. Nós viemos para homenagear a cultura japonesa através das nossas cervejas. Usamos elementos da cultura japonesa nos nossos rótulos, nomes de cervejas e em todas as nossas receitas. Sempre usamos um ingrediente de origem japonesa, mas sem esquecer o jeitinho brasileiro de ser. É totalmente essa coisa meio Hafu: somos metade brasileiras e metade japonesas.
Malte & Esmalte – Qual foi o aprendizado mais legal obtido até agora com a produção de cerveja?
Japas – O que mais gostamos na Japas é que sempre que lançamos uma novidade e fazemos eventos, temos um retorno fantástico da comunidade nipo-brasileira. Notamos que a presença de descendentes de japoneses é garantida, acho que conseguimos resgatar esse orgulho japa em outras pessoas. Com a Japas nos sentimos muito mais próximas dessa cultura que tinha se perdido um pouco em cada família com o passar dos anos.
Malte & Esmalte- No processo de dar início à cervejaria e tocarem juntas o negócio, descobriram algo sobre vocês ou sobre a amizade que surpreendeu?
Japas – A gente já tinha afinidade antes da Japas e isso só cresceu com o início da cervejaria. Somos amigas e sócias e nos damos muito bem trabalhando juntas, formamos um time bem completo.
Malte & Esmalte- Se uma das japas não curtir o resultado do teste de uma receita nova, vocês a descartam ou a opinião da maioria prevalece?
Japas – Trabalhamos para que todas fiquem satisfeitas, mas nunca tivemos um caso em que uma de nós não tenha curtido o resultado. Temos uma sintonia muito grande no trabalho e acho que por termos experiência na área, isso já facilita muito pra entrarmos em um consenso geral.
Malte & Esmalte – Vocês sofrem algum tipo de preconceito por serem mulheres em um
ambiente há muito tempo dominado pelos homens? Tem algum para contar?
Japas – Não tem como dizer que não acontece. Acho que a maioria das pessoas ainda vê o estereótipo do cervejeiro barbudo e tatuado. Chegam perguntando quem é “O” cervejeiro e quando falamos que é alguma de nós, ou que todas somos, sempre rola um: “Nossa, mas você??? Tão pequenininha e magrinha”. Em ambientes de trabalho todas já passaram
por alguma situação chata ou demoraram para conquistar o respeito dos outros e para “nos levarem a sério”.
Exemplos:
“Muitas vezes não me deixavam aprender porque teoricamente eu não daria conta.”
Fernanda Ueno
“Já me pediram para chamar o dono da cervejaria, pois não confiavam na minha opinião.”
Maíra Kimura
“Já chegaram no estande me perguntando se lá vendia cerveja de mulher, assim mais fraquinha.”
Yumi Shimada
“As pessoas se espantam quando ficam sabendo que eu tomo conta da fábrica, deveria ser algo natural, sem causar esse espanto por ser mulher.”
Carolina Okubo
Mas o bom é que no final muita gente consegue enxergar o nosso trabalho, e acabam vendo que somos tão ou mais capazes que um homem para a mesma função.
Malte & Esmalte – O #ELAporelas (#35diassemmachismonacerveja) tem algumas das japas como cabeças do movimento. Como surgiu a ideia de iniciar esta campanha? Qual é o objetivo e quais estão sendo os resultados até o momento?
Japas – A ideia surgiu primeiramente como reação a mais um rótulo de cerveja com a temática peito-bunda, mas logo se transformou numa coisa bem maior, em que começamos a questionar o papel da mulher no mundo da cerveja. Acabamos juntando uma quantidade boa de mulheres, e o grupo cada vez vem crescendo mais – já somos mais de sessenta. Além de
termos produzido um rótulo exclusivo na Cervejaria Dádiva (uma American Barley Wine com 10% de graduação alcoólica que ficará pronta já neste mês de agosto), temos feito várias ações de comunicação visando conscientizar as pessoas sobre o machismo que existe no setor e na
sociedade em geral, pois estamos cansadas de ouvir termos como “cerveja para mulher”, “quero falar com o cervejeiro responsável”, “mulher não deve ir ao bar sozinha”. As reações têm sido diversas… Muitos elogiam e conseguem entender nossos questionamentos, mas há os que criticam dizendo que é “mimimi”, “coisa de feminzazi mal comida”, esse tipo de comentário bem machista que reforça justamente o ponto que estamos tentando mostrar.
(A campanha está no dia 30. Para acompanhar, siga o #ELAporelas no Facebook: @cervejaporelas).
Malte & Esmalte – Como é o relacionamento da Japas com as outras cervejarias e
cervejeiros? Muitas parcerias em andamento?
Japas – Temos um ótimo relacionamento com outras cervejarias e cervejeiros e já temos em mente algumas parcerias, mas ainda é segredo! 😉
Aguardamos ansiosamente!
Enquanto isto, sigam a cervejaria no Facebook (@JapasCervejaria) e Instagram (@japascervejaria)
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Nada mais cervejeiro do que ir pro bar e pedir logo uma régua! Compartilhar24TwittarPin
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