25/09/2019

Cerveja ali e acolá: a beer list sem mesmice do Malte & Esmalte no Mondial de La Bière Rio 2019

Um evento cervejeiro que fez o match entre 130 cervejarias e 48 mil visitantes durante cinco dias de festa, nos armazéns do Píer Mauá. Mais de mil rótulos (sim, mais de mil!) estiveram à disposição do público entre os dias 4 e 8 de setembro. Acontecimento lindo de viver e beber, obra da 7ª edição do Mondial de La Bière Rio, que deixou corações partidos ao acabar. #inimigasdofim

O Malte & Esmalte foi figurinha repetida no evento. Foram muitos quilômetros rodados em três dias de cobertura do festival. Estivemos presentes no primeiro (para acompanhar a premiação e degustar algumas medalhistas antes que acabassem – Deus nos free contar com a sorte neste quesito), no segundo e no último dias. Para uma imersão com ainda mais estilo, vesti Biombo e Farm, marcas cariocas que têm mulheres à frente e que respiram liberdade.

Bebi uma listinha de respeito que compartilho aqui com vocês. Mas antes de embarcar neste rolê, fica a advertência do Ministério do Malte & Esmalte: ele contém MUITO álcool.

Foi com esse tiro de macaquinho da Biombo e de cerveja que comecei os trabalhos no primeiro dia de Mondial de La Bière 2019: uma Schwarzbier bem da gostosinha com muita tangerina e gengibre. Collab entre a Cervejaria D´alaje, a Cervejaria Kumpel e a Narreal Brewhouse, a Verrine é uma cerveja escura, como você comprova pela foto, e tem sabor torrado, que lembra chocolate amargo, proveniente do malte.  A tangerina e o gengibre deixam a cerveja bem refrescante e, em companhia com o chocolate, dão à receita o aspecto de sobremesa, objetivo do trio de marcas. Por isto, a nomenclatura “verrine”, que na gastronomia remete a entradas e doces servidos em copos pequenos. Très chic!

 

 

A cerveja seguinte me transportou para alto-mar, em águas calmas, tranquilas, que me permitiram mergulhar de cabeça! A Al Mare, rótulo da cervejaria carioca Three Monkeys, é uma Gose (Sour de origem alemã que leva adição de sal) com ostra, tinta de lula e limão. Pertencente à linha Gourmet, novidade da marca para o Mondial que trabalha com combinações de sabores de receitas da culinária mundial, a Al Mare é salgada com retrogosto marcante de lula. Para colocar agora na sua lista de Goses para provar – o estilo é a tendência da vez no mundo cervejeiro.

 

 

 

A Bodebrown fez cair as estruturas com a criação da Trooper IPA em parceria com o Iron Maiden. A banda. De heavy metal. Mais famosa do mundo. Tremeu também? A terceira cerveja foi degustada com muita reverência por esta pessoa.

O Iron Maiden já tinha planos de fazer uma versão para o Brasil da sua cerveja Trooper quando encontrou na Bodebrown um bom caminho. O DNA brasileiro foi inserido com a adição de nibs de cacau de Ilhéus e no blend dos lúpulos Sorachi Ace, Amarillo e Sabro adicionado no dry hopping e que conferiu notas de frutas tropicais à receita. Pura brasilidade! O resultado é uma IPA nada harsh (contrapondo com o amargor marcante geralmente presente no estilo), com suave sabor adocicado do malte e com notas de cacau, chocolate branco e manga. Digna de estrela na calçada da fama cervejeira!

 

 

Não há como negar as aparências e nem disfarçar as evidências: a Timeless Porter, da Wonderland, mereceu a medalha de platina – a mais importante do concurso – que conquistou na edição deste ano. Com a Porter que leva lactose e caramelo (domina o aroma) e apresenta sensação de boca bem macia, você perde a noção de tempo e espaço a cada gole. Produzida com o lúpulo inglês East Kent Goldings, sofisticado como só os britânicos sabem ser, possui 25 IBU e 6,3% ABV.

 

 

Para além de medalhas e cervejas, o sempre belo estande da cervejaria, de excelente apuro visual e de conceito, já valeria a visita.

O clássico molho de mel e mostarda vive o seu momento hype na Honey Dijon, Gose da Three Monkeys. Mais uma cerveja do rol “Gourmet” da cervejaria carioca, ela gravita total em torno do incomum ao apresenta a combinação de forma potente no aroma e no sabor, é equilibrada e possui corpo médio, que preenche a boca. Ainda assim, é bem fácil de beber com os seus 4,6% ABV.

 

 

O segundo dia de Mondial de La Bière foi desbravado com vestido lacrador da Biombo e Patrícia Santos, fotógrafa cheia de poderes mágicos que me acompanhou na jornada.

 

 

Logo no início, encontrei a FlorApa, uma New England APA que não precisou de muitos floreios para mostrar a que veio. É uma colaboração entre as 19 participantes da Rota Cervejeira RJ feita com lúpulos plantados em Teresópolis, ou seja, lúpulo fresco – aplaudimos de pé! A flor utilizada na receita tem um aroma especial de manga carlotinha, que destaca o terroir da região.

A Cervejaria Colorado arrebentou a boca do balão ao ganhar este ano a sua segunda medalha no MB Contest Brazil (concurso do Mondial) com a sua Guanabara Wood Aged, fora os mais de 20 prêmios que conquistou mundo afora com a Russian Imperial Stout em questão. Inventiva que só, essa cerveja é para você que busca produção com ingredientes 100% nacionais: a RIS é envelhecida em barril de amburana (madeira brasileira, vale destacar), tem 10,5% de álcool e leva rapadura queimada em sua receita, o que dá mais complexidade de aroma e de sabor, combinando bastante com a madeira utilizada. O uso da amburana dá potência ao resultado, diferente do barril francês, e eu percebi muito chocolate amargo na análise gustativa.

 

 

A terceira cerveja do dia tocou e chocou. Surpreendeu e prendeu. Estamos falando da Black Magic, lapidada pela cervejaria carioca Sundog para celebrar as bruxas queimadas na época da Inquisição. A cerveja é escura e com maltes torrados para simbolizar o luto por essas mulheres disruptivas. Possui 10% de ABV e três elementos usados nos rituais: sal (proteção), canela (amor) e café (divinações). Durante o evento, foi eternizada com pétalas de rosas vermelhas em compras de 200ml.

 

 

[Aqui no Malte & Esmalte, há um texto com toda a análise sensorial da Black Magic e a importância da cerveja para as mulheres. Para ler já, clique aqui]

A D´alaje fez uma cerveja extremamente incrível ao juntar com maestria o “e se” ao “tivesse uma breja inspirada no doce Red Raspberry Velvet”? Para comemorar os seus dois anos de vida, a cervejaria criou uma receita que tem como base uma American Blonde Ale e adicionou framboesa, nibs de cacau, hibisco e baunilha. A marca prefere não enquadrar o rótulo em nenhum estilo devido às adições, mas a consagrou levando medalha de ouro no concurso deste ano. La dolce birra!

 

 

 

A última cerveja degustada na quinta, porém não menos importante, foi a Pizooke, collab babadeira entre a Overhop, Mistura Clássica e John Palmer, cervejeiro caseiro sussa, autor de livros como How to Brew. Uma Double Oatmeal Stout com 8,5% de teor alcoólico, ela leva infusão de cacau e cumaru, resultando na sobremesa favorita do John. Fechei a noite pedindo arrego.

 

 

No domingo, o Mondial aconteceu debaixo de sol de quase 40°C e eu só queria estar fresquinha com vestido estampado da Farm para ser uma rolezeira adequada. As lindas fotos da Patrícia Santos mostram que estava escrito na minha testa o quanto eu gostei da combinação irada de domingo + sol + cerveja, não é não?

 

 

Do lado esquerdo, apresento a Bruges, da Cevaderia. Recentemente, ela conquistou o prêmio de melhor Belgian Ale brasileira no World Beer Awards. Uma ode à escola belga, a principal característica do rótulo está na suavidade e nos aromas que lembram frutas vermelhas.

 

 

À direita, a Gangsta dá as caras. Trata-se de uma New England Session IPA tramada a quatro mãos pela Cervejaria Overhop e o sommelier de cervejas Gustavo Renha. Com baixo amargor e aromas de abacaxi e lima da pérsia, saudamos a sua alta drinkability.

Quem se pronunciou em seguida foi a Acid Trip – viagem ácida em tradução livre – sour com dez frutas que até me fez ver duende! Criada pela St. Patrick´s Beer especialmente para o Mondial de La Bière Rio 2019, ela é levemente ácida e bem refrescante. As frutas são:  cajá, caju, graviola, melancia, manga, maracujá, morango, pitanga e umbu. Mix ousado que faturou uma das medalhas de ouro do festival.

 

 

Para contemplar o pôr do sol na Baía de Guanabara, elegi a Liga Leve, Session IPA com polpa de maracujá bem levinha da Cervejaria Boomerang. Hiper convidativa com o seu corpo baixo, tem aroma cítrico proveniente do processo de dry hopping e amargor de leve a moderado. Para beber sem parcimônia.

 

 

Na Roter, a minha Weiss virou sorvete. A cervejaria de Barra do Piraí tem em seu portfólio uma cerveja de trigo que segue na linha o estilo alemão: turva e com aromas e sabores bem marcantes de cravo e banana.

 

 

Na outra esfera sensorial, vem a Saison Au Champignon. A Cervejaria Three Monkeys e a Narreal Brewpub estavam com a criatividade à flor da pele quando criaram esta Saison com os cogumelos shitake, portobello e porcini. A receita faz parte do projeto da Three Monkey batizado de Brewing With Friends, que tem o propósito de produzir com atuantes relevantes da cena cervejeira do Rio. (É preciso deixar preconceitos de lado para se aventurar nos experimentos exóticos. Só se vive Mondial de La Bière uma vez por ano!)

 

 

O nome da cervejaria é difícil de pronunciar, mas ela foi a responsável por uma das princesinhas do Mondial de La Bière. Com a Ovrebust Kevik IPA da Thristy Hawks Brewers, eu encerrei o festival de 2019 e já iniciei a contagem regressiva para a edição carioca de 2020! Turva, com amargor limpo e aroma com notas de casca de laranja, abacaxi e frutas cítricas, ela foi uma das vencedoras do MBeer Contest Brazil. O nome deriva da levedura kveik, cultivada por nativos nas fazendas da Noruega, que decidiram propagá-la para o mundo a fim de ela não desaparecer. E assim, tcharam! Temos uma IPA da melhor qualidade e com ótimo drinkability [jazz hands].

 

 

O Mondial de La Bière Rio 2019 deixou saudades bem modernas por aí. De qualquer forma, a gente se esbalda pelo Rio de Janeiro de domingo a domingo. Que venha 2020!

 

[As fotos de quinta e domingo são obras da Patrícia Santos, fotógrafa profissional. Você pode fazer contato com a fada da fotografia pelo Facebook e Instagram]

 


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3 respostas para “Cerveja ali e acolá: a beer list sem mesmice do Malte & Esmalte no Mondial de La Bière Rio 2019”

  1. […] três dias de cobertura do M&E do maior festival cervejeiro do Brasil, leia a matéria com a beer list aqui.  E enquanto preparamos o post completíssimo para o site, nos recuperamos da maratona etílica […]

  2. […] do público entre os dias 4 e 8 de setembro. Acontecimento lindo de viver e beber, obra da 7ª edição do Mondial de La Bière Rio (leia aqui), que deixou corações partidos ao acabar. […]

  3. […] criou a Timeless (eterna, em português), uma Porter com caramelo e lactose. Ela ganhou a Medalha de Platina do Mondial de là Bière Rio em 2019 e virou a queridinha no País do estilo. O aroma e o sabor de caramelo são os que chegam primeiro […]

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