25/10/2016

Veste Rio

A 2ª edição do Veste Rio, produto concebido pela Vogue Brasil em parceria com o Caderno Ela, do Jornal O Globo, aconteceu entre os dias 19/10 e 22/10, na Marina da Glória, cenário que também abrigou a 1ª edição. Como na estreia, o evento contou com palestras, feira de negócios, outlets e food trucks. A grande novidade ficou por conta da plataforma de novos talentos para divulgar e impulsionar o trabalho de dez marcas de até cinco anos de atuação no mercado nacional – as marcas escolhidas foram Modem, Mocha, Isolda, Sissa, Ga´u, Handred, Lucas Barros, The Paradise, Luisa Farani e Beira. O programa teve patrocínio do Fecomércio RJ e da Natura.

Fui ao evento na sexta-feira (21/10). Pela manhã assisti à palestra gratuita “Jovens Talentos: numa super mesa, os dez talentos selecionados para o Veste Rio contam sobre sua rápida ascensão, as dificuldades, como se preparam para o mercado” na área de convivência. Os estilistas contaram as suas trajetórias profissionais e todos tinham um denominador em comum: zero medo de por a mão na massa e correr atrás dos seus sonhos. Eles, pertencentes à geração dos millenials, começaram a carreira com a visão de múltiplas plataformas, sabendo que é preciso exercer as funções de criação, marketing, financeiro e comercial para sobreviver em um ambiente tão competitivo.

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A combinação que escolhi para o dia: a blusa por baixo do vestido dá fim ao super decote ao mesmo tempo que ilumina o look.

 

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Foto do site da Vogue

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Foto do site da Vogue

Da plateia, veio um questionamento importante: um estudante de produção de moda perguntou aos estilistas se eles não desejavam atingir os públicos C e D. A maioria da bancada colocou o desejo de fazer uma moda “democrática”, “acessível”, mas justificou os altos custos da matéria-prima e da fabricação das peças, o que impede de, no momento, baixar o preço de suas roupas. Uma estilista respondeu levantando muito bem a questão do pagamento justo às suas costureiras, fazendo-as sentir orgulho de suas profissões e querer que os filhos sigam pelo mesmo caminho. Ela ainda contou que as costureiras de sua marca exibem com alegria para os conhecidos as páginas de revista em que aparecem peças feitas por elas. Não seria possível pagar bem os seus funcionários e usar mão-de-obra da região se as roupas fossem mais em conta.

Neste momento, o papo caminhou para a exploração de mão-de-obra realizada, principalmente, por lojas de fast-fashion, além da má-qualidade dos produtos ofertados por este setor (chegaram a dizer que esticam a camiseta e “costuram” com cola).

Apenas uma grife ressaltou que o posicionamento dela não é o público C e D.

A palestra acabou por volta do meio-dia, horário de abertura do outlet e do espaço com food trucks. Fui logo ao bar checar a oferta de cerveja, mas só tinha Stella Artois por R$ 10. Para acompanhá-la, comprei um SudDog, hot-dog gourmet da Roberta Sudbrack, que leva salsicha artesanal levemente apimentada e queijo pernambuco gratinado na baguete crocante. Custou R$ 25 e valeu a pena! Estava bem gostoso. Praticamente todas as mesas ainda estavam vazias e pude escolher uma com vista, sentar e comer tranquila, sem pressa.

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Depois eu fui para o outlet. Como fui cedo, o movimento estava calmo. Comecei pela FARM, que na edição passada me surpreendeu pela quantidade de peças estilosas e baratas. Desta vez, me interessei por apenas quatro peças, optando só por uma camiseta, que custou R$ 48. A oferta continuava extensa, mas os preços estavam salgados. Os vestidos e macaquinhos não saíam por menos de R$ 115. E tinham peças de coleções beeem passadas.

Lá na FARM, percebi que tinha esquecido o meu batom em casa e quase entrei em pânico. Como sou muito branquinha, fico apagada sem cor na boca. Precisava de um batom! Perguntei à caixa da FARM se havia alguma loja de maquiagem ali e ela me deu a dica do estande da Natura, onde uma makeup artist estava maquiando na hora. Parti reto para a minha salvação! De início, queria mesmo só um batom com boa fixação. A Carla, a maquiadora fofa, delineou meus lábios com lápis e depois os preencheu com um batom mate vermelho, para durar bastante. Mas nos empolgamos, liberei maquiagem completa e ela acrescentou pó, blush, sombra, rímel. Tudo leve, bem natural. Esqueci-me de tirar foto do processo. Uma pena.

Dali fui conferir a loja da Oh! Boy. A loja estava organizada e movimentada com ordem (risos), consegui ver todas as roupas sem aborrecimento. Comprei uma saia linda, toda trabalhada com renda por R$ 104. Valeu MUITO a pena.

Não pude mais olhar as lojas, pois tinha uma palestra às 14h30: “O que fazer para trabalhar na Vogue?”, com o time Vogue, claro.

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Fiz minha inscrição com antecedência para esta palestra, paguei R$ 40 por ela, pensando, pelo título, que iriam dar o caminho das pedras – ou pelo menos dicas bem valiosas – sobre como conseguir fazer parte da equipe da publicação de moda mais prestigiada do Brasil. Porém, a palestra, na verdade, relatou o que é preciso saber para trabalhar na Vogue. Após contar um pouco da trajetória das bambambãs presentes – Daniela Falcão, diretora de redação, Silvia Rogar, editora-chefe, e Bárbara Migliori, editora de moda -, e a pressão e correria do trabalho na revista, principalmente em uma semana de moda internacional, as palestrantes listaram seis habilidades necessárias para entrar na Vogue. São elas:

  1. Ter boa memória e bom humor – Em um desfile, olhar todos os looks com atenção e pegar a linha mestra (exemplo: ombro inflado). Além disso, bom humor é fundamental! Nada de cara amarrada.
  2. Dormir apenas 5 horas por noite – A interação começa cedo, por isso é importante monitorar as redes sociais e pescar a receptividade das redes da revista das 6h às 9h, aproximadamente, antes de começar as publicações. A Vogue valoriza muito o furo jornalístico e, por isso, as plantonistas começam a leitura das notícias bem cedo. Fora isso, trabalhar com moda requer estar presente em mais de um evento por noite, e ainda se divertir na festa! (O time Vogue deixou bem claro durante a palestra que chique mesmo é se divertir nas festas! Então, eu sou chique à beça!).
  3. Flexibilidade física e emocional – Sobre a flexibilidade física, a dica foi para stylists: tem que ter bastante flexibilidade para abaixar e ajeitar a roupa nas modelos. O joelho tem que estar fortalecido. Sobre a flexibilidade emocional, o aspirante tem que saber lidar com a pressão do volume de trabalho e da excelência cobrada.
  4. Saber fazer unha e se maquiar sozinha – É necessário saber se virar sozinha nestes quesitos para comparecer a eventos após o dia na redação. É importante estar impecável para estas ocasiões.
  5. Gostar de tirar selfie com os outros – Trabalhar na Vogue deixa as pessoas famosas e são paradas na rua por isso. Então, nada de recusar selfie, esteja arrumada ou não. Dê um jeitinho rápido e sorria. Foi dada ainda a dica de treinar os melhores ângulos na frente do espelho.
  6. Se multiplicar e ser multitasking – Ser pivô em três festas numa mesma noite (e ficar em pelo menos três músicas em cada uma, aparecer nas fotos – importantíssimo! – e não beber demais), escrever a crítica de um desfile a caminho de outro, postar o primeiro look da passarela prezando pelo ineditismo, fotografar bem e sair bem em foto, escrever bem, falar bem com as pessoas. A mediocridade não tem vez na Vogue.

 

Percebeu que tem que jogar em todas as posições, né? Gostei da palestra, embora esperasse dicas mais palpáveis, o que o título prometeu. Porém, o que realmente me aborreceu foi a Vogue ter descrito a palestra no site assim que ela terminou. Como eu tive que me inscrever e pagar por ela, eu pensei que fosse ter um conteúdo mais exclusivo para quem estava lá. Mas eles colocaram no site e abriram para todos. E receberam muitas críticas no perfil do Facebook da revista pelo teor dos pré-requisitos. A dúvida que ficou é: é para colocar estas habilidades no currículo? Risos

A palestra seguinte, pela qual também paguei, foi “Bastidores do Ela: como é feito o único suplemento de jornal especializado em moda do Brasil”. Os participantes foram a editora Renata Izaal, o coordenador de moda Gilberto Júnior e as repórteres Jacqueline Costa e Lívia Breves. O bate papo começou esclarecendo que o suplemento não é apenas um caderno de moda, que dita moda. É jornalismo mais do que tendência. Fala sobre tudo e adora história de vida, por isso, faz o perfil de todas as personalidades que saem na capa.

Eles contaram alguns casos de bastidores e como é feito o trabalho de produção e realização de um editorial. Exibiram o vídeo do making of do ensaio clicado nas Ilhas Maurício. Um momento engraçado e descontraído foi quando a Jacqueline vendeu uma pauta ali no palco para a Renata, no meio de um depoimento dela sobre como busca matérias e acabam surgindo assuntos diferentes e mais interessantes no meio do caminho. Devido a uma pergunta da plateia, a Renata revelou que a equipe não faz reuniões de pauta e que as reportagens surgem mesmo nas ruas, conversando com desconhecidos, frequentando festas. Muitas pautas surgem também de viagens do time.

As referências de estilo do time são a Patrícia Veiga e a Suzete Aché, que trabalha no Ela. Bora seguir no Instagram?

A última palestra do dia foi “Quero ser cool: segredos do estilo carioca”. Ela foi mediada pela Renata Izaal e os participantes foram Marcello Gomes, estilista da Richards, Maxime Perelmuter (ex-designer de acessórios do British Colony), as estilistas Andrea Marques e Jacqueline de Biase (Salinas), a influencer Juliana Lattuca e a jornalista Melina Dalboni.

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Foto do site da Vogue

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Eles falaram sobre a influência do Rio no desenvolvimento de coleções e o jeito carioca de ser. A Renata levantou a questão sobre o conceito de cidade partida e perguntou a opinião dos palestrantes sobre o assunto na moda. Foi unanimidade que cada um tem a sua praia, a sua visão de praia e a coloca do seu jeito na sua marca (mais muvuca, ou mais cor, ou mais movimento, ou até mesmo preto e branco). Todo mundo é carioca, mas coloca da sua maneira. Todo mundo sabe a sua faixa de praia.

Outro assunto debatido é que carioca não gosta de aprender estilo na revista. Ele é bem resolvido, ele aprende na rua e na praia, até porque ele mesmo dita moda e comportamento com a autenticidade que possui. O estilo está de dentro para fora. Ele sabe o que é legal e lança aquilo.

Um momento importante da palestra foi a contestação de que marca de fora que vem para cá precisa se regionalizar para ficar. É necessário se conectar de alguma forma. Este é o caminho. A Adidas, por exemplo, fez parceria com a Salinas e com a FARM. A Nike fez parceria com grafiteiros. Numa cidade em que o consumidor tem uma identidade muito definida, as marcas que vêm de fora têm que se unir com pessoas ou outras marcas que respiram o perfil do Rio.

A Jacqueline, da Salinas, contou que não faz mais tamanho grande para os Estados Unidos, pois as americanas não têm mais preconceito e usam o mesmo tamanho da gente, às vezes até mesmo menor que o nosso.

E, para fechar a conversa, foi feito um breve raio x  da elite carioca: no dia a dia, ela não usa muitas joias e nem roupas de grandes grifes. Afinal, sabe muito bem que se arrumar demais é pura cafonice. O truque de estilo está em ser despojada.

O evento na sexta-feira contou ainda com show da cantora Céu na área de convivência, com entrada franca. Eu jantei no restaurante ao lado, o Corrientes 348, e ouvi um pouco do show dali. Antes de ir embora, tentei enxergar a cantora, mas o espaço estava lo-ta-do e não consegui ver nada. Ou seja, a foto abaixo é do site da Vogue mesmo. (risos)

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Foto do site da Vogue

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Foto do site da Vogue


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