30/05/2016

Cusco, Lima e suas cervejas artesanais

O Malte & Esmalte visitou as cidades de Cusco e Lima e traz um cenário do atual e efervescente mercado de cervejas artesanais no Peru.

Entre os dias 18 e 26 de maio estivemos visitando o Peru, especificamente as cidades de Cusco e Lima. Como não poderia deixar de ser, aproveitamos para degustar algumas cervejas artesanais de lá. Esperávamos encontrar uma ou outra, mas a cena cervejeira peruana nos surpreendeu.

A história da cerveja no Peru remonta ao Império Inca, lá pelos meados do século XV. Eles produziam uma cerveja de milho, chamada de Chicha, que até hoje ainda é consumida em algumas regiões andinas. As mulheres mascavam o milho e cuspiam em um caldeirão com água fervida. Após a fermentação, a bebida já podia ser servida.

Nesses nove dias conhecemos diversas cervejarias que produzem os mais diversos estilos. Nossa saga começou por um pub irlandês localizado na Plaza de Armas, em Cusco, onde além da tradicional Cusqueña, pudemos experimentar outros bons rótulos, como a IPA Sacred Valley, da Cervejaria del Valle, a witbier da Candelaria e a Pale Ale da cervejaria Zenith.

A Cusqueña, apesar de ser uma das principais cervejas peruanas e de ser produzida em escala industrial, é 100% malte de cevada, uma cerveja bem correta. Degustamos a Dorada, a Roja, a Negra e a de Trigo, mas sem dúvida o destaque ficou para a edição especial de Quinua, assinada pelo renomado chef peruano Gastón Acurio. Além do famoso cereal andino, a cerveja traz notas de laranja e pêssego e tem 6,5% de graduação alcóolica.

 

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Já no aeroporto, indo de Cusco para Lima, tivemos mais uma grata surpresa: a Golden Spirit da cervejaria Oveja Negra. Uma clássica Blond Ale, com notas frutadas e bem refrescante. O amargor do lúpulo é bem equilibrado e a cerveja tem ótimo drinkability, apesar dos 8% de álcool.

 

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À noite, já em Lima, saímos para comer um hambúrguer e acabamos conhecendo a linha Cumbres, da Cervecería Gourmet. Experimentamos a Roja, uma Scottish Ale com um toque amanteigado, a de Quinua, com intenso aroma de cereais, e a de Maíz Morado, com notas mais adocicadas em função do tipo de milho utilizado em sua fabricação.

 

Na terça-feira (24) fomos visitar o Barranco, bairro boêmio de Lima. Começamos pelo Juanito de Barranco, um bar-restaurante como os que temos aqui na Lapa, tipo um Bar Brasil, um Nova Capela, que reúne artistas e intelectuais e vende sanduíches fartos e um chopp correto. A taça com 500 ml sai por 5 soles.

 

Juanito

Mas como o nosso foco está nas artesanais, não esquentamos muito a cadeira por lá. Caminhando pela mesma rua, encontramos um barzinho especializado em artesanais, o Moustache Restobar. Fomos muito bem atendidos por um “mesero” francês chamado Louic.

 

moustache

 

Ele nos contou um pouco sobre o atual cenário das cervejas artesanais no Peru. Trata-se de um cenário bem parecido com o que tínhamos no Brasil há alguns anos: muitas novas micro cervejarias surgindo e uma união bem forte entre os cervejeiros para valorizar a cultura das artesanais entre os peruanos. A produção ainda é pequena. Algumas dessas cervejarias produzem apenas de 1.000 a 3.000 litros por mês. Inclusive os rótulos produzidos pela Beer Stache, cervejaria proprietária do bar, estavam em falta nesse dia, à espera de uma nova leva.

Lógico que enquanto conversávamos Louic foi nos apresentando diversos rótulos. Experimentamos, entre outras, a Pachacutec Imperial Ale, da Sierra Andina, considerada a cerveja mais alcoólica do Peru, com 10,5% de álcool, forte sabor de malte e intenso amargor (99 IBU). Apesar de toda essa potência, trata-se de uma cerveja bem equilibrada e que ganhou a medalha de Ouro na categoria American Barley Wine na Copa de Cervezas de América de 2015, no Chile.

 

pacha

Também experimentamos a Alquimista e a Ilusionista, ambas da cervejaria Invictus. A Alquimista é uma Dubbel com 6,5% de álcool e notas de caramelo e chocolate. Já a Ilusionista é uma IPA, com 6,1% de álcool e 60 de IBU. Possui um aroma bem agradável, com notas de frutas cítricas e florais.

No final, Louic nos indicou dois brewpubs de cervejarias artesanais peruanas, a Barbarian e a Nuevo Mundo, ambas localizadas no badalado distrito de Miraflores.

Saideira

Na véspera de voltarmos para o Rio de Janeiro, na quarta-feira (25), resolvermos visitar o brewpub da Barbarian. A indicação realmente valeu a pena. O bar estava com mais de 20 cervejas on tap, a grande maioria artesanais peruanas, além de outros rótulos em garrafa.

 

barbarian

 

Para quem gosta de degustar um pouquinho de cada, o bar tem um esquema muito bom. Você pode pedir sua cerveja nas quantidades de 100, 200 ou 400 ml. Se pedir um combo com quatro copos de 100 ml, você paga menos. As cervejas em copos de 100 ml variam de 4 a 6 soles. Experimentamos 10 cervejas diferentes, comemos hambúrguer e a conta não superou os 100 soles (cada Real equivale a R$ 0,90 Nuevo Sol). Eles oferecem como aperitivo um milho torrado bem saboroso, o que corresponderia ao nosso amendoim.

 

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Confira abaixo alguns dos rótulos que mais gostamos nessa visita:

Muy Malvada – uma Peruvian Porter, com 6,5% de álcool e 30 IBU, feita em parceria entre a BarBarian, a dinamarquesa Ewil Twin e a americana Two Roads Brewing.

Chopenequao – uma American Pela Ale, com 5,5% de álcool e 35 IBU, produzida em parceria entre a BarBarian e a cervejaria paraguaia Sanjonia Brewing.

174 – uma IPA da BarBarian com 8,0% de álcool e 80 IBU. Bronze na Copa LATAM 2016 e eleita a melhor cerveja peruana pelo site Rate Beer em 2014.

Coche Bomba – uma Roble Imperial Stout, produzida em parceria entre a BarBarian e a cervecería del Valle, com 10% de álcool e 65 IBU.

BarBarian Red Ale – com 6,5% de álcool e 30 IBU. Bronze no Global Craft Beer Awards 2014, na Alemanha.

Red Ale Tío Luque – uma Amber Ale com 6,5% de álcool e 28 IBU, feita pela cervejaria Tío Luque.

Fresh Hops – uma Session IPA, com 4,5% de álcool e 45 IBU, produzida em parceria pelas cervejarias Beer Stache, Oveja Negra e KO.

Be Kind – uma Pale Ale da cervecería del Valle, com 5,5% de álcool e 40 IBU.

Gostaríamos de ter visitado também o brewpub da cervejaria Nuevo Mundo, que fica bem próximo do da BarBarian, mas estávamos com voo marcado para o dia seguinte e ele só abre a partir das 17h. Pelo que soubemos, é um Draft Bar que destaca os rótulos da cervejaria, mas também abre espaço para as demais cervejarias artesanais peruanas. Com certeza vale a visita.

Serviço:

Moustache RestoBar – Jirón 28 de Julio, 206 – Barranco

BarBarian – Calle Manuel Bonilla, 108 – Miraflores

Nuevo Mundo Draft Bar – Avenida Larco, 421, 2º Piso – Miraflores. Telefone: +51 1 2495268

 

Vinhos

O Malte & Esmalte vive atrás das cervejas artesanais, mas também não dispensa um vinho. Durante esse período em Cusco e Lima pudemos degustar e nos surpreender com bons vinhos peruanos das vinícolas Tacama e Santiago Queirolo, que produz os vinhos da marca Intipalka.

Da Viña Tacama experimentamos o Gran Tinto Tres Cepas (Tannat, Malbec e Petit Verdot) e o Selección Especial. Já da marca Intipalka degustamos o Tannat e o Sauvignon Blanc, esse durante um agradabilíssimo almoço no restaurante Mangos, localizado no shopping Larcomar, na bela e bem cuidada orla de Miraflores. Esses vinhos peruanos podem ser encontrados no site da Winelands – Clube do Vinho.

 

Esperamos que tenham gostado de nossas dicas como nós gostamos de conhecer o Peru.

Pakarinkama!

(“Até a próxima!” em quechua, língua mais utilizada durante o período do Império Inca).


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2 respostas para “Cusco, Lima e suas cervejas artesanais”

  1. Alexander Hernández disse:

    La cusquenha es muy buena

  2. Vera Silva disse:

    Caramba!Gostei muito do artigo do seu site. Estarei acompanhando sempre.Grata!!!

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